Carta de Francisco de Arruda Furtado enviada a José do Canto s.d.

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Title

Carta de Francisco de Arruda Furtado enviada a José do Canto s.d.

Description

Cópia de carta enviada por Francisco de Arruda Furtado a José do Canto [1820-1898], em que reafirma a sua convicção nas teorias Darwinistas, que considera fornecerem elevados critérios para a compreensão dos factos da natureza. Dá conta das razões que o levaram a publicar o folheto [O Homem e o Macaco] que agora oferece ao seu correspondente.

Date

s.d.

Type

Correspondência

Identifier

BPARPD. JC/CORR cx8/822

Extent

1 fl.

Rights Holder

Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada

Texto Item Type Metadata

Destinatário

José do Canto

Text

Convencido da grandeza das teorias darwinistas, do elevado critério que elas fornecem para a compreensão dos factos da Natureza e do modo por que elas dão conta da concatenação das formas vegetais e anímicas, da influência que esse critério tem até sobre a vida prática, eu não hesitei em lançar na sociedade micaelense esse folheto, quando a “Civilização” transcreve artigos de um padre Senna Freitas em que os darwinistas são tratados de “galgos científicos da mais apurada raça que conta a matilha de Darwin”, e em que o nosso Rogério vem também ao cheiro destas coisas com uma certa insistência repugnante.

Essas teorias, como V.a Ex.a sabe perfeitamente, exigem que se ponha um machado à raíz de todas as crenças primitivas. Os que vêem a moral com exclusiva dependência dos freios da religião, vociferam contra a teoria pela sua imoralidade. Que ela encerra em si a verdadeira moral, é o que pretendo provar aos muitos a quem, entre nós, estas coisas são ainda completamente estranhas, e a quem os sermões ainda iludem.

V.a Ex.a por isso dignar-se-à relevar a insignificãncia da minha pequena oferta e as frases menos pacíficas que ela possa ter, pela boa fé com que foram ditadas essas linhas que obedecem fatalmente à corrente das ideias que eu julgo serem as mais salutares do século, porque é incontestável que, quanto mais Ciência, mais exacta noção de dever, mais bonomia, e mais coragem.