Antropologia

Título da seção de Antropologia

Tal como nos seus estudos malacológicos, as investigações de Francisco de Arruda Furtado no domínio da antropologia estão marcadas pela sua origem açoriana. Tomando por objeto o povo da ilha de S. Miguel, é seu propósito esclarecer o processo de diferenciação antropológica dos micaelenses, tendo em conta a geologia, o meio e o clima, as características físicas e o modo de vida da população.

A perspetiva adotada nestes estudos assenta em pressupostos aceites pela generalidade dos antropólogos e etnólogos que, entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, partilham de uma visão materialista informada pelo positivismo e o evolucionismo. Embora Arruda Frutado não descurasse outras dimensões da investigação antropológica como a etnologia e a etnografia, a linguística e a glotologia, privilegia a antropologia física, especialmente as medidas craniométricas, com o objetivo de chegar ao que designa por ‘constituição mental’ do povo micaelense.

As medidas craniométricas são também utilizadas para fundamentar a suposta inferioridade intelectual das mulheres que deveriam abster-se de uma educação superior, sob pena de perderem atributos como a beleza e a capacidade de gerar vida. O papel que confere à mulher seria, além do mais, um imperativo civilizacional e a expressão da superioridade de uma raça.

Apesar das conceções de Arruda Furtado estarem ultrapassadas, os seus trabalhos são representativos da prática antropológica da época, possuindo a sua obra um cunho original, resultante do modo como articula os métodos da história natural com os da antropologia.